quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

CASCAIS E SEUS MONUMENTOS


Cidadela
A Cidadela de Cascais é uma fortificação do ano 600 que protegia a baía de cascais e as zonas de desembarque próximas da capital.
Hoje em dia, este forte de fachada imponente alberga algumas relíquias de arte sacra e, no seu jardim, pode visitar-se um museu de artilharia ao ar livre. Recentemente a Cidadela tem sido palco de exposições e concertos vários.


Largo 5 de Outubro


Edifício situado no amplo Largo 5 de Outubro, com belíssima vista sobre a baía, junto à praia dos Pescadores. Trata-se de uma construção setecentista, anterior ao terramoto de 1755, embora na porta principal tenha inscrita a data de 1821, ano em que foi amplamente remodelado. A sua torre sineira, em cantaria, e o escudo republicano na fachada frontal são dignos de nota.










Igreja Matriz de Cascais


A Igreja de N. Sr.ª da Assunção, edificada durante o século XVI, foi também fortemente fustigada pelo terramoto de 1755. Os amantes da arte apreciam este templo pelos seus altares em talha dourada, os impressionantes painéis de azulejos e os quadros de Josefa de Óbidos pintados entre 1634 e 1684. 


Igreja dos Navegantes


Erguida pelos pescadores em data desconhecida, este templo dos Homens do Mar é um dos poucos monumentos que sobreviveu ao terramoto de 1755.
Edifício barroco, notável pela rara planta octogonal, contém representações dos santos padroeiros dos marinheiros.









Ermida de Nossa Senhora da Guia


Situada a dois passos do mar, esta é a ermida mais antiga de Cascais. Dados históricos apontam para a sua existência já em 1522.
Até ao século XIX, foi destino de concorridas romarias, de que os alpendres, construídos para resguardo dos peregrinos são, ainda hoje, testemunhas. Com o passar do tempo, a traça desta ermida tem-se descaracterizado, vítima de sucessivas remodelações e reconstruções, muitas vezes, abusivas.
Contíguo à ermida, está o farol da Guia, provavelmente um dos primeiros da costa portuguesa, ainda no século XIV.




Museus
Cascais tem alguns Museus entre os seus principais monumentos, sendo eles: o Museu do Mar, o qual tem secções de História Natural, Etnologia e Arqueologia Submarina, possuindo mapas e vestuário de pescadores antigos, os modelos das embarcações e tesouros de navios que naufragaram na Costa.
O Museu Municipal de Cascais, tem um estilo revivalista, a sua localização é nume pequena enseada, em que as ondas chegam ao edifício quando está maré alta. Contém uma colecção de arte, peças de mobiliário de estilo indo-português, vestígios arqueológicos e uma biblioteca.
O Centro Cultural de Cascais foi concebido para albergar todo o tipo de exposições.
A Casa de Santa Maria, situa-se na baía de Cascais, o seu projecto foi desenvolvido por Raul Lino, com uma influência árabe e com azulejos do século XVII.


Estátua de Dom Pedro


Rei da primeira dinastia que ficou conhecido como justiceiro pois adoptou uma postura de rei recto e justo, que lutava contra as injustiças.





Museu da Música Portuguesa – Casa Verdades de Faria

O Museu da Música Portuguesa, que reúne a valiosa colecção de instrumentos populares recolhidos por Michel Giacometti e todo o espólio do compositor Fernando Lopes-Graça, reabriu ao público na Casa Verdades de Faria, no Monte Estoril.
A Casa Verdades de Faria, aproveitando a antiga Torre de S. Patrício, foi projectada em 1918 por Raul Lino, sendo considerada um dos principais exemplos da chamada "arquitectura de veraneio" que qualificou o património arquitectónico de Cascais a partir de meados do século XIX. A casa foi legada ao município em 1974 por Enrique Mantero Belard, destinando-se a um museu e jardim público. A autarquia decidiu, em 1987, aproveitar o espaço para a criação do Museu da Música Portuguesa, numa primeira fase com a colecção de instrumentos populares portugueses recolhida por Michel Giacometti, posteriormente complementada com a biblioteca especializada do etnomusicólogo.
O museu recebeu também, em 1995, todo o espólio de Fernando Lopes-Graça . O compositor trabalhou com Giacometti no projecto dos Arquivos Sonoros Portugueses e a reunião dos dois acervos permite que a instituição promova a divulgação da música portuguesa quer na sua expressão tradicional quer erudita.

Moinho de Armação


Na segunda metade do século XIX, surge o moinho tipo americano. Eficaz e de fácil instalação, difundiu-se com sucesso, chegando a Portugal nas primeiras décadas do século XX. Estas estruturas ganharam esta denominação pelo facto de ostentarem uma armação metálica na cobertura do moinho, semelhante a uma casa de habitação e por se tratar de uma criação oriunda dos Estados Unidos da América. Em Cascais, a família Roquete, detentora de uma das principais empresas de construção de aeromotores a nível nacional, abraçou a ideia e desenvolveu-a de acordo com as necessidades e características do nosso concelho, introduzindo velas em chapa em forma de saco, aproveitando melhor a energia eólica num conceito de maximização da produção.
O Moinho de Alcabideche encontrava-se integrado na Quinta de S. Martinho, pertencente à família Pires Correia. Esta estrutura, cedida ao município no âmbito do Plano de Urbanização, para musealização e preservação de uma memória patrimonial, foi alvo de uma grande campanha de obras de reabilitação que respeitou na íntegra a sua traça original, permitindo o melhor entendimento da evolução dos processos tecnológicos.Com a sua abertura a autarquia pretende dar a conhecer a importância dos moinhos como património a preservar, tendo em vista o entendimento das características do meio ambiente e os factores naturais e culturais que os envolvem, numa perspectiva de recuperação de memórias e de educação patrimonial.




Marégrafo de Cascais

 Localiza-se em plena Marina de Cascais, à entrada da baía, junto à Cidadela. O sistema de medição do Marégrafo foi construído em 1877 por J.Wagner e foi implantado na sua 1ª localização em 1882, tendo sido dos primeiros sistemas de recolha da altura do mar instalados na Europa, existindo especificamente para este fim, a recoha de dados sobre correntes e marés. Funcionou experimentalmente durante cerca de um ano, sofrendo variadas remodelações para se adequar ao local em que foi instalado, ficando a funcionar nessa localização durante alguns anos. Em 1895, o Marégrafo do Borel, como também é conhecido, foi movido para a localização actual, pois na sua primeira localização, os dados que extraía não eram muito fiáveis, já que estava razoavelmente longe do mar. O Marégrafo de Cascais foi o primeiro equipamento deste género instalado em Portugal, tendo sido fundamental para a obtenção do Datum Altimétrico, que funciona como “Zero de Referência” altimétrico, sendo todos os dados altimétricos de Portugal medidos a partir dos dados desta medição, que foi feita entre 1882 e 1938.   

Actualmente, o Marégrafo de Cascais é explorado pelo Instituto Geográfico Português, estando todos os seus dados a ser digitalizados por este, para serem devidamente estudados.



O Marégrafo de Cascais foi considerado Imóvel de Interesse Público em 1997, através de um Decreto de 31 de Dezembro e está, hoje, inserido num programa de revitalização museológica, estando aberto a visitas guiadas para escolas, fruto de uma colaboração entre a Câmara Municipal de Cascais e o Instituto Geográfico Português.



Forte do Guincho


O Forte do Guincho, também denominado como Forte das Velas, localiza-se em posição dominante sobre a Praia do Abano, na freguesia de Cascais, concelho de Cascais , Distrito de Lisboa, em Portugal.


Foi classificado com imovél de interesse público através do Decreto nº 129 de29 de Setembro de 1977.
Actualmente em ruínas, encontra-se em estudo projecto para a sua requalificação e aproveitamento como centro de interpretação do Parque natural Sintra Cascais, por parte da Câmara Municipal.





Forte dos Oitavos

Remonta ao contexto  da Independência da Restauração . Erguido para complemento da defesa da barra do Rio Tejo, destinava-se especificamente ao abrigo de pequena guarnição, com a função de prevenir desembarques no litoral entre a Praia do Guincho e a Praia da Guia. Embora a inscrição epigráfica sobre o Portão Monumental especifique as datas de início e conclusão respectivamente como 4 de Maio de  e 1648 , os estudiosos compreendem que uma periodização mais correcta seria a de início em 1641 e a de término em1643 .Era normalmente guarnecido por um cabo, três artilheiros e dezoito soldados, estando artilhada por quatro peças, o que se manteve até ao século XIX .
Classificado como imóvel de interesse Público  através do Decreto nº 735, de 21 de Dezembro  de1974 , às vésperas do século XXI , em Dezembro de2000 , foi reinaugurado como Museu histórico-militar e espaço cultural sob a responsabilidade da Câmara Municipal de Cascais, reconstituindo a vida cotidiana da guarnição de uma fortificação marítima ao final do século XVIII.
Fortificação marítima de pequenas dimensões, apresenta planta rectangular orgânica, adaptada ao relevo da  falésia onde se ergue. O desenho mais antigo identificado sobre este forte (1796) mostra, além da bateria  na esplanada  e da cisterna, quatro dependências: a do Quartel da Tropa, a da cozinha , refeitório e dormitórios , o paiol  e a Casa do Comando.
A sua defesa é complementada por guaritas cobertas nos ângulos salientes e por uma linha de mosqueteria .




 Fortaleza de Santo António da Barra

O Forte de Santo António da Barra é uma fortaleza militar de defesa da costa construída por ordem de Filipe I e mandada ampliar por D. João IV em 1643. É um projecto de arquitectura militar de João Vicenzo Casale,  renascentista. O Forte tem planta estrelada, característica do Renascimento.
Adaptado à morfologia do terreno e maciço rochoso onde se ergue, sendo ainda protegido por um fosso, a planimetria deste Forte torna-o num dos mais curiosos complexos da barra do Tejo. Foi durante muitos anos a residência de Verão de António de Oliveira Salazar, chefe do Governo no Estado Novo. Foi aliás ali, em 1968, que o ditador deu a célebre queda de uma cadeira de descanso, que levaria ao seu afastamento e, em 1970, à sua morte. O Forte ergue-se à entrada de São João do Estoril, num plano cimeiro à praia, encoberto por denso arvoredo, tendo nas imediações a estrada Marginal. Para quem entrar na zona sul de São João e se dirigir às imediações do Forte, pode desfrutar de uma visão deslumbrante proporcionada pelo maciço rochoso, onde as ondas se desfazem, e do Forte ali sobranceiro, que parece estar prestes a precipitar-se nas águas mas que só algumas gotas ajudadas pelo vento conseguem atingir. 



 Forte e Farol de Santa Marta


Forte militar de defesa da costa construído no século XVII .Tem uma arquitectura militar, no limiar do barroco, com bateria rectangular virada ao mar e a casa-forte na retaguarda. O parapeito exterior em ziguezague, virado à foz da ribeira do Mocho, foi construído posteriormente para reforçar o poder ofensivo. Situa-se em cima do mar, sobre um maciço rochoso, sendo bem assinalado pelo farol que ali mais tarde foi edificado.
O acesso está agora vedado por um portão de ferro. Através das grades é, no entanto, possível observar os restos do parapeito com rasgos para canhões e a porta que dá acesso ao farol, onde existe uma inscrição com armas reais.  

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

HISTÓRIA DE CASCAIS



Cascais é um “produto” da Baixa Idade Média, existindo povoamento na sua região desde os tempos muito antigos, que foi reconquistado aos árabes e passou para a mão dos portugueses no século XII.
Em meados dos finais do século XIV, por deliberação de El-Rei D.Pedro I, Cascais foi elevado à categoria de Vila, com jurisdição cível e crime própria. No entanto, só em 1370 El-Rei D.Fernado confirmou a decisão de seu pai D.pedro, criando o termo do concelho.
Com o decorrer do tempo, Cascais passa a ser composto por duas freguesias:
- Nossa Senhora da Assunção e Ressurreição de Cristo.
Seduzido pela beleza da sua Baía, o Rei D. Luís escolhia, em 1879, a Vila para se instalar com a família durante a época de veraneio. Elevada ao estatuto de praia da Corte, Cascais rapidamente se tornou na praia mais aristocrática do País.
A história de Cascais é rica praticamente desde a sua constituição como Vila pela sua importância estratégica, quer na era dos descobrimentos, quer depois da Restauração de Portugal, quando se construiu uma série de fortificações destinadas à defesa da costa e da entrada do Tejo.
Voltou, depois, a ter preponderância quando a vilegiatura da Corte passou a ser feita em Cascais e os Reis de D. Luís a D. Carlos se instalaram no Palácio Cidadela.
De igual modo, os Presidentes da República procuraram também Cascais para passarem as suas férias, tendo mesmo o Almirante Américo Tomás fixado a sua residência particular na Vila. A ocupação humana na área que hoje constitui o Concelho de Cascais parece remontar ao Paleolítico Inferior, como o atestam os vestígios encontrados a norte de Talaíde, no Alto do Cabecinho (Tires) e a sul dos Moinhos do Cabreiro. Durante o Neolítico, assiste-se ao estabelecimento dos primeiros povoados e à utilização de grutas naturais (como as do Poço Velho, em Cascais) e artificiais (como as de Alapraia ou São Pedro), para o culto dos mortos. Os corpos são, então, aí depositados juntamente com oferendas votivas, prática que se manterá para além do Calcolítico.
Como testemunhos do período romano importa recordar as villa de Freiria (São Domingos de Rana) e de Casais Velhos (Charneca), assim como o conjunto de dez tanques descobertos na Rua Marques Leal Pancada, em Cascais, parte de um complexo fabril para a salga de peixe.
O domínio romano também se faz sentir ao nível da toponímia (caso de Caparide, proveniente do latim capparis, que significa alcaparra) e através de algumas inscrições, maioritariamente funerárias.
A presença árabe legará abundantes topónimos como, por exemplo, Alcoitão ou Alcabideche, terra natal do poeta Ibn Mucana que, nascido no início do século XI, se referiu à sua vivência agrícola e aos seus moinhos de vento:

«Ó tu que vives em Alcabideche
Oxalá nunca te faltem
Nem grãos para semear,
Nem cebolas, nem abóboras.
Se és homem de decisão
Precisas de um moinho
Que funcione com as nuvens
Sem necessidade de regatos.»

Na segunda metade do século XII, Cascais é uma pequena aldeia de pescadores e lavradores. O topónimo Cascais parece mesmo derivar do plural de cascal (monte de cascas), o que se deve relacionar com a abundância de moluscos marinhos aí existentes. Ainda assim, o território que actualmente alberga o concelho é sobretudo habitado no interior, denunciando a hegemonia das actividades agrícolas e o receio dos ataques dos piratas mouros e normandos.
Administrativamente dependente de Sintra, de cujo termo faz parte, Cascais, em consequência da privilegiada situação geográfica da sua baía, transformar-se-á num porto de pesca concorrido. Neste contexto, em 7 de Junho de 1364, os homens bons de Cascais obtêm de D. Pedro I a elevação da aldeia a vila que   «houvesse por si jurisdição e juízes para fazer direito e justiça e os outros oficiais que fossem cumpridores para bom regimento deste lugar», comprometendo-se a pagar anualmente à Coroa duzentas libras de ouro, para além daquilo que já despendiam, o que parece atestar a riqueza da região, certamente proveniente do pescado.
O castelo deve ter sido construído depois desta data, visto que em 1370, ano em que se forma o termo de Cascais, D. Fernando pode doar o castelo e lugar de Cascais a Gomes Lourenço de Avelar, como senhorio, sucedendo-lhe, entre outros, o Dr. João das Regras e os Condes de Monsanto, depois Marqueses de Cascais. Entretanto, apesar da conquista e saque do castelo pelos castelhanos em 1373 e do bloqueio do porto em 1382 e 1384, assiste-se ao crescimento de Cascais no exterior das muralhas e à criação, ainda nos finais do século XIV, das paróquias de Santa Maria de Cascais, São Vicente de Alcabideche e São Domingos de Rana.
O movimento da baía cresce no período inicial dos Descobrimentos e Expansão, ordenando D. João II, em 1488, a edificação de uma torre defensiva. É em Cascais que desembarca Nicolau Coelho, o primeiro capitão da armada de Vasco da Gama a chegar da Índia, no intuito de se deslocar até Sintra para informar o monarca da boa nova. Mais tarde, em 15 de Novembro de 1514, D. Manuel I concede o foral de vila a Cascais, o primeiro texto regulador da vida municipal, uma vez que persistia a utilização do foral de Sintra.  Já em 11 de Junho de 1551, por licença de D. João III, se institui a Santa Casa da Misericórdia de Cascais.
No ano de 1580, as tropas espanholas, sob o comando do Duque de Alba, desembarcam em Cascais, conquistando a fortaleza e saqueando a vila. Também sob o domínio filipino, em 1589, aquando da tentativa gorada da conquista de Lisboa conduzida por D. António, Prior do Crato, os soldados ingleses que o acompanham pilham a povoação.
Consciente das deficiências defensivas da região, D. Filipe I mandará levantar a Fortaleza de Santo António do Estoril e abaluartar a antiga torre joanina de Cascais, que passa a ser conhecida por Fortaleza de Nossa Senhora da Luz. Não obstante, após a restauração da independência, em 1640, procede-se à edificação de uma vasta linha defensiva no litoral concelhio, ampliando-se e restaurando-se as fortificações existentes e construindo-se mais de uma dezena de baluartes, sob a direcção do Conde de Cantanhede, encarregue da defesa da barra do Tejo, porta de acesso à cidade de Lisboa. De entre as estruturas então levantadas importa destacar a Cidadela de Cascais que, construída junto à Fortaleza de Nossa Senhora da Luz, reforça consideravelmente a defesa deste ponto estratégico da costa.
Ainda que se tenha empenhado sobretudo no desenvolvimento do Concelho de Oeiras, Sebastião José de Carvalho e Melo, Conde de Oeiras e depois Marquês de Pombal, apresenta-se como um dos principais defensores da vinha e do vinho de Carcavelos, devendo-se-lhe, ainda, a concessão de benefícios para a edificação da Real Fábrica de Lanifícios de Cascais, em 1774. Todavia, aquando do terramoto de 1 de Novembro de 1755, a vila fora quase totalmente destruída, hecatombe a que se seguirá a ocupação durante a primeira invasão francesa (1807-08) e o período das lutas liberais, sabendo-se que durante o reinado miguelista a Fortaleza de Nossa Senhora da Luz será utilizada como prisão dos seus opositores. A decadência da povoação acentua-se, ainda, com a extinção das ordens religiosas instaladas no concelho e a retirada do Regimento de Infantaria 19.
A partir de 1859, com o início da construção da estrada ligando a vila a Oeiras e, depois, da estrada até Sintra, Cascais parece libertar-se da estagnação. Em 1868 surge o Teatro de Gil Vicente e dois anos depois a Família Real decide tomar banhos de mar em Cascais, adaptando os aposentos do Governador da Cidadela a Paço Real. A vila transforma-se na rainha das praias portuguesas, enquanto o surto vilegiaturista imprime um rápido desenvolvimento a toda a orla costeira concelhia, coadjuvado pela  inauguração do primeiro troço de caminho-de-ferro entre Cascais e Pedrouços, em 30 de Setembro de 1889.
É este o período do florescimento dos Estoris. Primeiramente o Monte Estoril, sob o impulso de uma poderosa companhia; depois São João do Estoril, onde triunfa um individualismo secundado pela fama dos Banhos da Poça. Desponta, ainda, a nova Parede, projectada por Nunes da Mata, pelo que as antigas povoações do interior tendem a secundarizar-se, fenómeno a que se associam  mesmo sedes de freguesia como Alcabideche e São Domingos de Rana. Carcavelos mantém-se como terreno privilegiado para a vinha, não obstante o crescimento da localidade também dever ser explicado por intermédio da fixação da colónia britânica que desde 1872 explora o cabo submarino a partir da Quinta Nova de Santo António, depois dos Ingleses.
Finalmente, sob a visão de Fausto de Figueiredo e do seu sócio, Augusto Carreira de Sousa, surge, em 1913, o projecto do Estoril enquanto centro vilegiaturista de ambições internacionais. O início da I Guerra Mundial implicará atrasos consideráveis na sua concretização, pelo que só em 16 de Janeiro de 1916 se procede à colocação da primeira pedra para  a construção do casino.
Segue-se um período de intensa construção nas zonas conquistadas ao pinhal, às terras de lavoura e às pedreiras, facilitada, desde 1940, pelo fácil acesso rodoviário proporcionado pela estrada marginal, junto ao mar. O concelho assume-se, então, como centro turístico de primeira ordem, recebendo durante e depois da II Guerra Mundial um elevadíssimo número de refugiados e exilados, de entre os quais importa destacar os Condes de Barcelona, o Rei Humberto II de Itália, Carol II da Roménia e inúmeras figuras do panorama desportivo e cultural.

Ainda hoje, Cascais continua a manter esta vocação de espaço de acolhimento, norteando a sua actividade turística e cultural pelos critérios de qualidade exigidos pelos seus frequentadores.

Cascais nos Dias de Hoje
Cascais hoje é uma vila do Distrito de Lisboa. Situa-se a cerca de 30 minutos de Lisboa, junto à orla marítima. É a 4ª Vila mais populosa de Portugal, a qual se tem recusado ser elevada a categoria honorífica de cidade, por motivos turísticos.
Cascais é sede de um município subdividido em seis freguesias:
. Cascais
. Alcabideche
. Carcavelos
. Estoril
. Parede
. São Domingos de Rana
Há mais de 100 anos atrás, e devido aos maus acessos, costumava dizer-se “ Cascais, uma vez e nunca mais”, porém a Vila de Cascais é, desde os finais do século XIX, um dos destinos turísticos portugueses mais apreciados por nacionais e estrangeiros, uma vez que o visitante pode desfrutar de um clima ameno, das praias, das paisagens, da oferta hoteleira e gastronómica variada.





Simbologia
O Castelo, representa a praça forte defendida por várias fortificações que em séculos de existência têm feitos de valor heróico e representa principalmente a primeira sentinela de defesa da entrada do Tejo e, portanto, de Lisboa.
O esmalte vermelho do castelo é a cor que, heraldicamente, significa vitória, ardis e guerras e representa ainda a vida, a alegria, o sangue e a força.
A prata do campo das armas demonstra humildade e riqueza, qualidades dos naturais da região.
O negro indicado nos rochedos representa a terra e significa firmeza e honestidade, qualidades estas que, igualmente, sempre distinguidos os naturais de Cascais.
O ondado de prata e verde são as cores indicadas sempre para simbolizar o mar. Heraldicamente, o verde corresponde à água e significa esperança e fé.
A rede representa a vida activa dos cascalenses, o seu sustento. A cor escolhida foi ouro, porque ainda na opinião de Affonso de Dornellas significa fortuna, poder e liberdade.
O vermelho da bandeira foi baseado na cor do castelo, o elemento principal das armas e a prata da coroa mural obedece à norma estabelecida para simbolizar as vilas.




sábado, 2 de janeiro de 2010

Jogos Tradicionais



Estes jogos faziam parte de um quotidiano. Tratava-se de um momento em que o grupo das gentes ligadas à faina no mar actuava como comunidade.


A mulher do pescador teve sempre presente a angústia da espera. (…)

Os jogos de espera reuniam as mulheres e as crianças na praia e contribuíam para se distrairem, afastando os maus presságios.

Deste pequeno registo, ressalta na memória das entrevistas, o gozo destes tempos e a alegria que proporcionavam contribuindo assim para um bom relacionamento e aproximação entre a comunidade piscatória.

Essa recolha realizada através de inquérito a algumas mulheres , na sua maiorias vendedoras de peixe, possibilitou a identificação de alguns jogos.

Apresentamos por ora três jogos , do botão, dos ganisos, da pela ou paneiro...

Jogos de Botão

Fazia-se uma cova na areia. Cada jogadora devia a certa distância do buraco jogar o botão de modo que ele entrasse. Para tal dobrava o indicador e apoiava o polegar em cima para rematar o botão.

Caso não acertasse perdia o botão com que estava a jogar; caso acertasse ganhava todos os botões que estivessem no buraco.

Quando os botões faltavam, iam os da roupa. Primeiro os do colete, depois da camisa, etc.….

Jogos dos Ganisos

Usam-se três ganisos para três pessoas.

A cova do ganiso representava o cu, a parte cheia representa a carne.

Quando os ganisos são jogados e a parte da carne fica virada para cima marca um ponto por cada ganiso virado. Se ao jogar,e a parte do cu ficar virada para cima, não conta nenhum ponto.

Pode acontecer, ao jogador, que um ou dois ganisos fiquem com a carne virada para cima ou um ou dois com o cu virado também para cima. Nessa altura só contam pontos os ganisos que ficam com a carne virada para cima.

Jogos da pela ou do peneiro

Reúnem-se vinte pessoas, dispondo-se dez de cada lado. No meio um estrado de barco.